quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O adeus de Teresa - Castro Alves


A vez primeira que eu fitei Teresa, 
Como as plantas que arrasta a correnteza, 
A valsa nos levou nos giros seus... 
E amamos juntos... E depois na sala 
Adeus eu disse-lhe a tremer coa fala...
E ela, corando, murmurou-me: adeus.
Uma noite... entreabriu-se um reposteiro... 
E da alcova saía um cavaleiro 
Inda beijando uma mulher sem véus... 
Era eu... Era a pálida Teresa! 
Adeus lhe disse conservando-a presa...
E ela entre beijos murmurou-me: adeus!
Passaram tempos... séclos de delírio 
Prazeres divinais... gozos do Empíreo... 
. . . Mas um dia volvi aos lares meus. 
Partindo eu disse -- Voltarei!... descansa!... 
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: adeus!
Quando voltei... era o palácio em festa!... 
E a voz dEla e de um homem lá na orquestra 
Preenchiam de amor o azul dos céus. 
Entrei! . . . Ela me olhou branca . . . surpresa! 
Foi a última vez que eu vi Teresa!...
E ela arquejando murmurou-me: adeus!

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